Poço da Lapa
LAPA
A Lapa ou Lapa de Baixo localiza-se no flanco normal do anticlinal da Albarda, que se manifesta numa inadaptação do terreno, correspondendo a uma estrutura em sinclinal que sofreu erosão diferencial dos níveis metassedimentares, causada por um ribeiro que corre paralelamente à camada (Barroca da Nave), no eixo do sinforma, sem conseguir penetrar na espessa camada de quartzito. Assim, é possível passar por detrás da queda d’água que se forma durante as chuvas.
A Barroca da Nave nasce a cerca de 1 km, em área arenosa e com má drenagem resultante da erosão dos quartzitos. A escorrência acompanha a inclinação das camadas, sem as cortar, até que se despenha de uma altura de cerca de 8 m. O enquadramento paisagístico é marcado por inúmeros terraços construídos “em pedra seca”, hoje parcialmente cobertos por mato.
O local é também um miradouro que proporciona uma perspectiva para o lado Sudoeste da garganta do Ocreza, com destaque para os depósitos coluvionares, constituídos por gigantescos depósitos de blocos heterométricos dispostos pelas vertentes que correspondem a evidências de periglaciarismo do Quaternário. Os blocos resultam do desmantelamento erosivo dos relevos quartzíticos e revelam movimento antigo devido à posição de equilíbrio crítico nas abruptas vertentes em que se encontram e à cobertura por líquenes. Por cima da cascata observa-se ainda uma dobra do tipo antiforma.
Associação de Estudos do Alto Tejo, Património Geológico de Proença-a-Nova: Caracterização e Gestão no Âmbito do Geopark Naturtejo
Carlos Neto de Carvalho & Joana Rodrigues